Um dia estava na Bolívia e vi um grupo de indígenas vendendo artesanato. Prontamente pedi para fotografar a cena. Para meu espanto, eles se esconderam. Logo depois, descobri que aquela comunidade acredita que a fotografia é capaz de aprisionar a alma das pessoas. Achei a crença muito interessante e, afinal, quem sou eu para discordar. Sempre achei que a civilização é construída por aquilo que criamos e acreditamos, sendo assim, a visão deles é completamente original.
Agora me vejo diante do negativo daquela situação, enxergo no trabalho de Bruna Prado a libertação das almas, através da fotografia. Almas aprisionadas na violação de seus direitos e que agora se encontram resgatadas através da arte.
Resgatar o direito de sonhar é resgatar a todos nós, não apenas as crianças e adolescentes do Ballet de Santa Teresa, de quem Bruna Prado captou o brilho da esperança no olhar. Falo de cada um de nós, que aposta no sonho destes meninos e meninas que ajudamos a construir a cada dia. Falo dos sonhos que esquecemos de sonhar, porque estamos preocupados com a prestação para pagar, com o desemprego, o desespero, a violência…O medo!
Resgatar o direito de sonhar é libertar nossa própria alma.
Vânia Farias
(Diretora do Ballet de Santa Teresa)
* Para conferir as fotos: http://saladaana.wordpress.com/